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COLUNAS

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Nunca fui fã de Gisele Bündchen, mas o espaço que ela ocupou na mídia desde que estourou, foi colossal, e óbvio, li muita coisa a seu respeito. Mas ela realmente nunca me convenceu. Acho que todo o movimento dela foi muito impulsionado pela indústria e pela mídia, uma vez que ela apareceu no momento certo, na hora certa, quando as esquálidas do movimento belgian chic estava acabando e eles precisavam de uma imagem saudável.

Vi muitas entrevistas com Lillian Pacce, a quem ela deu exclusividade em várias ocasiões e também na mídia em geral. Por várias vezes achei-a imatura, e por conta disso, indelicada. Depois do casamento e dos filhos, o escopo das notas mudou. A Gisele regrada, germânica, implacável, que tinha cada membro da família representado por uma cor em seu tablet, para que ela tivesse total controle da situação era notícia. Gisele estaria então “se revelando” como mãe, esposa, etc e tal. Grande coisa. A maioria das mulheres que têm família faz isso, sem ajuda de tablets e pegando um trem em pé todos os dias.

Mas ok, que seja. O fato é que ela virou quase uma referência nisso também. Chegou na vida ao atual marido quando ele estava terminando um relacionamento longo e a namorada havia engravidado, depois do término. A modelo, mais uma vez festejada pelo fato com a maneira com a qual lidou com a situação. A partir daí a coisa tomou seu rumo natural: noivado, casamento, filhos. Família.

Lá, é importante lembrar que ela é esposa do Tom Brady. Ele é o referencial, o ídolo, o famoso. E foram anos vendendo uma imagem consistente de felicidade, fosse na imprensa, ou nas redes sociais de ambos, onde ela só posta fotos dos filhos, principalmente da menina, menorzinha, sem mostrar o rosto deles.

De repente, a notícia do divórcio. O mundo levou um susto. E a culpa era da babá. E ainda chamavam esta funcionária de algo como “desmancha casamentos”, pois havia acabado com o do Ben Stiller também. Acessei a imprensa norte americana e lendo aquilo tudo, a conclusão a que cheguei foi a seguinte.

Ninguém se separa de ninguém se está feliz. Há muita coisa em jogo, principalmente com famosos, o que envolve desde a imagem pessoal, até a demanda de contratos publicitários de empresas que preisam de “ícones” com determinado perfil. A vaidade também conta, claro, e também o que se construiu junto. Estou falando de tudo, desde o patrimônio familiar a algo muito mais sério, volátil mas muito importante.

Na matéria da separação, consta que ela não dá seu perdão ao jogador. Mas será que ele o quer? Nos dois casos há o relato de casamentos infelizes, que iam muito mal das pernas.

No caso de Affleck, consta que Jennifer Garner _ que esta semana divulgou estar repensando uma reconciliação_ não aguentava mais o vício muito sério do marido: o jogo. Ben Affleck perdia milhões de dólares em mesas de jogo, o que a teria feito jogar a toalha depois de três filhos e muitas tentativas de colocá-lo nos eixos. Afinal, ele não estava perdendo só o dele.

Tom Brady devia ter suas questões também, que não deviam ser poucas. O casal, vivendo junto, só se falava por mensagem de texto, até dentro do mesmo cômodo da casa. O que, pra quem está de fora como nós, parece ridículo, patético. Mas isso envolve muita infelicidade também.

Aí a gente junta tudo isso, põe no liquidificador e culpa a babá. Que estava ali do lado e não iria perder a chance de aparecer e virar uma subcelebrity, por que não ? Esta, em especial, é a mesma que trabalhou na casa de Jennifer e Ben, o que alimentou uma história de que ela teria algo de muito especial.

Mas quem recorre à babá se está feliz?

Aliás, até este episódio, a gente via que babás são um tema recorrente, mas já estou achando que fazem parte de um fetiche masculino fortíssimo. Se pensarmos um pouquinho num passado não tão recente, o que houve com Jude Law e Arnold Schwazzeneger também passou por isto e também deixou marcas. Jude era noivo da descoladíssima Siena Miller e a acusou por não ter estado a seu lado quando ele mais precisou. E Arnold… Bem, não sei se ter um filho com a empregada da casa e mantê-lo na residência dos empregados por dez anos junto com a mãe tem defesa. Principalmente para quem era casado com uma Kennedy, a família real norte americana, jornalista de nome e talento, Maria Shriver, que largou o emprego de sucesso na TV americana para que o marido seguisse carreira política no país que o acolheu.

Ela não poderia seguir com a carreira porque seria conflitante com a dela. Neste caso, a perda é abissal. Não se trata de perdão, mas de um vazio absoluto onde deve-se refletir muito se de fato conheceu-se o cônjuge. E Maria ainda passou por isto quando estava perdendo a mãe, sua melhor amiga, antes de Oprah, com Alzheimer.

Portanto, voltando ao título deste artigo, as pessoas só mostram o que querem e precisam. Nós, da audiência, provavelmente também só acreditamos naquilo que precisamos, até aparecer uma babá…






  • 16 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura

Dando prosseguimento ao meu #projetoeumesma, contratei um Personal. Já tive uns probleminhas de coluna e achei que precisava enfim ser bem acompanhada. E claro, isso veio de encontro ao meu perfil filha única, que gosta de resolver tudo sozinha, a seu jeito, sem muita coletividade.

Bem, encontrei um profissional legal e depois de viagens a serviço, milhares de crises alérgicas e há pouco menos de um mês uma virose tremenda, coisa que não tinha há vinte anos_ sim, VINTE anos_ da qual demorei muito a me recuperar porque “não liguei o nome à pessoa”, os antibióticos também demoraram pra surtir algum efeito. Mais uma viagem a São Paulo. Umidade baixa, muita poluição e tome remédio.

Finalmente marquei para começar na sexta-feira. Pensei, “do jeito que estou parada, vou cair de dor no dia seguinte, e no sábado eu posso”. Mas o Personal ainda não podia. Desta vez, o imprevisto foi com ele e ficou pra hoje, segunda-feira.

Eu estava exatamente onde estou agora: no escritório de minha casa, na minha estação de trabalho escrevendo o blog que foi ao ar antes deste. Aula marcada para às 20 30h. Às 19 35h, um cachorrinho, lindo, mas muito solitário, começou a latir. Eu não sabia de onde vinha aquele latido, entre histérico e constante, natural de cães de pequeno porte. Comecei a ficar irritada, muito irritada.

Meu gato, tranquilo até demais e sempre deitado em torno do teclado, chegou a olhar pra mim com uma cara de cansado (imagino os tímpanos do coitado, a quantas andavam, afinal ouvem 26 vezes mais), e eu, acelerada que sou, estava pra lá de impaciente.

O Personal chegou. Fomos para a varanda. Imediatamente localizei o cãozinho. No quarto andar deste Taj Mahal de cimento que construíram ao lado de meu edifício tirando-me completamente a visão da praia e da rua em que eu moro !! A varanda dele ficava abaixo da do Gui. O garoto bonzinho que tem um cão educado e silencioso. Comecei a treinar e o bicho não parava. Meu professor chegou a se dizer admirado pela constância e potência vocal do bichinho. Via-se que a casa estava sem ninguém e deixaram a porta da varanda aberta pra ele não ficar preso em casa.

Por um segundo tive a impressão de que o cãozinho olhava para nós. Começamos a ver moradores do meu edifício conversando com os porteiros do prédio ao lado, que de terno e rádio comunicavam-se sem sucesso, afinal, não havia ninguém em casa.

Foi a vez da mãe do Gui aparecer na varanda,  eu fiz sinal de que era na varanda abaixo da dela, e nada.

Quando finalmente terminamos os  exercícios e saímos da varanda, ele parou. Cessou imediatamente aquele barulho infernal. Fui levar o Personal na porta e ainda brinquei que o bichinho devia ter gostado dele. Ou da camisa verdeque usava.

Não foi preciso muito tempo para entender que o cachorrinho queria companhia, e sim, ele estava olhando pra nós e quando saímos ele perdeu as esperanças.

Tem tanta gente latindo por aí, não é? E tão poucos entendendo… A começar pelo dono da casa, que se passa o dia inteiro fora, não deveria ter um animal que necessita tanto de gente, de ir à rua, enfim.

Não deixa de ser uma bela analogia, de uma realidade bem triste.




  • 10 de ago. de 2015
  • 3 min de leitura

Semana passada fui visitar um amigo. Eu poderia definí-lo como criativo, talentoso, simpático, querido, afável, internacional, mas preciso acrescentar que ele é gay. Coisa que pra mim passa direto, mas acabou sendo o que gerou a vontade de escrever este post.

Vou chamar meu amigo de Marido 1. Era a primeira vez que ia à sua casa. Pensei numa visita rápida no horário de fim de tarde, uma happy hour. Já ia me despedindo quando Marido 2, profissional ultra reconhecido em sua área, de sucesso, estava chegando da academia. Naquele momento eu me senti ainda mais intrusa e quando ameacei levantar, meu amigo me disse, “não, você janta conosco. Marido 2  está preparando alguma coisa com uma wok, não sei o que ele está aprontando por lá”. Falamos de tudo, vi todos os trabalhos de Marido 1, artista plástico, da melhor forma que existe; ele explicando o porque do quadro, de onde veio a moldura, a idéia dela, como começou a trabalhar com holografias, etc.

Mais um pouco e chegaram duas das três filhas de marido 1. Amabilíssimas, simpáticas, educadas, calmas, quietas, mas muito interessantes, cada uma a seu jeito. Um delas estava com o filho, educado, uma criança tranquila, que ficou brincando perto da gente.

Sentamo-nos numa mesa redonda, delícia pra conversar porque todos se veem. Marido 2 chegou com um delicioso frango com abacaxi, que a cada momento se confirmava o sabor maravilhoso, principalmente ao encontrar o gengibre… Hum… A mesa bem posta, a louça bonita, os copos que faziam o vinho descer mais gostoso…

A noite transcorreu maravilhosamente bem entre arte, acolhida, as meninas, o garotinho, e eu não pude deixar de pensar, enquanto tudo isto acontecia ao mesmo tempo, no absurdo que é o preconceito. Não adianta negar, dizer que não, mas a coisa aqui ainda é muito forte e em São Paulo então, cidade onde esta família mora, a coisa chega à níveis de segregação.

Pensei também no “auê” que fizeram quando começou o movimento de adoção. Conheci uma brasileira em Nova York, há dois anos atrás, que me disse textualmente: “Ah, eu sou contra. Porque eu não sei que geração vai surgir a partir disso”. Provavelmente uma geração com mais carinho, afeto, saúde, escolaridade e mais chances de ser feliz. Aliás, esta foi a minha resposta pra ela, numa esquina fria de Manhattan. Nunca mais nos vimos, Graças a Deus.

Os gays eram peça importante até para a publicidade uma vez que se uniam e não tinham filhos, portanto significavam padrão de vida alta até para o mercado de luxo,

Agora veio a união, que chegou tarde, muito tarde. Mas não tarde demais. Uma questão que deveria ser cartorial, mas a política sempre subverte valores dando tintas mais fortes ao que é realmente simples. Quem não se lembra do caso de Jorge Guinle, filho do playboy Jorginho Guinle, que deixou herança para seu marido e sua mãe roubou tudo, gerando morosa pendenga judicial?

E aí eu volto pra mesa, sem sair do lugar, e vejo aqueles semblantes casuais, cada um de seu jeito, o menininho girando em volta da mesa, sem incomodar em nenhum momento, aquelas obras de arte maravilhosas nas paredes que nos abrigavam, Marido 2 super solícito e bom anfitrião, desde o vinho ao café com chocolate especial  para harmonizarmos com o café quentinho e gostoso que ele fez.

É claro que Marido 2 estava fazendo um carinho a Marido 1, deixando que ele me recebesse mostrando suas obras, me fazendo sentir em casa, e sendo tão agradável.

Meu pensamento voltava à mesa novamente e eu pensava: tanto barulho por nada. É tão simples, é só deixar ser feliz. Problemas, todos tem, homos ou héteros. Por que detonar tanto algo que pode ser puro e belo?

Por que ser contra a adoção quando existem tantas crianças abandonadas, sozinhas, cujo futuro pode vir a ser tão ruim quanto inimaginável? É bom que se explique que gays não querem adotar crianças para fazer sexo selvagem na frente delas na sala. Ao contrário, estão em busca de uma rotina familiar, do lar, dos valores.

Por formação e pelas experiências da minha vida, sempre presto mais atenção do que deveria, a tudo. É difícil uma noite como essa acontecer e “apenas” me deixar feliz. A percepção de tudo que narrei até aqui é sempre mais forte, o olhar mais profundo.

Aliado a isto, tive pais que não tinham preconceitos. Não fui educada ouvindo “aquele negro safado”, ou “aquele negro de alma branca”, nem tampouco “aquele judeu ordinário”. Essas palavras não andavam juntas no vocabuláio dos dois. Isso fez com que eu crescesse conhecendo e avaliando “as verdades da vida”. E foi muito bom pra mim.

Marido 1, Marido 2, Meninas, podem me convidar sempre que eu vou correndo !!!



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