Canastra Suja
- Um olhar
- 12 de jul. de 2018
- 2 min de leitura

“Canastra Suja” com direção e roteiro de Caio Sóh (“Teus Olhos Meus”e “Minutos Atrás”) está em cartaz e tem como ponto forte a brilhante atuação do elenco que conta com Adriana Esteves no papel de Maria, uma dona de casa que cuida de seus três filhos e seu marido alcóolatra Batista que trabalha como manobrista num apart-hotel , interpretado por Marco Ricca. A atriz Bianca Bin é a filha mais velha, e vive Emília que se divide entre o emprego num consultório de um dentista com quem mantém um flerte e cuidar de sua irmã mais nova, vivida por Cacá Ottoni no difícil papel da filha autista. Já o novato Pedro Nercessian, cujo personagem é seu xará, interpreta o filho renegado pelo pai. Outra figura ligada a família e importante neste cenário é Tatu, o namorado de Emília e ao mesmo tempo, o amante de Maria, vivido pelo ator David Junior.

Maria cansada daquela vidinha um tanto sem graça, parece só se preocupar em manter-se em forma, fazendo o uso exagerado de remédios e exercícios ao ponto de negligenciar a filha autista, deixando-a acorrentada enquanto transa com o amante, o que quase causa uma grande tragédia. Emília é uma fogosa e sedutora garota virgem em pleno século 21, que usa esse artifício como trunfo para ascender a uma vida melhor.
Seu irmão Pedro, em constantes brigas com o pai, a pretexto de sair de casa acaba se prostituindo, o que rendem engraçadas cenas a beira da piscina do rico cafetão, vivido pelo ator Milhen Cortaz.
Tatu é aquele cara que quer se dar bem e ganhar dinheiro fácil e rapidamente, o que o leva a fazer programas com homens. E pela insistência de Pedro acaba levando o cunhado para o mesmo caminho.

E Batista, o patriarca deste conturbado clã, reconhece que o alcoolismo o torna violento demais com aqueles que ama, vemos isso logo numa das primeiras cenas do filme, em que participa de uma sessão do AA e busca coragem pra enfrentar o vício e o preconceito explícito. Mas não ficará imune às acusações de roubo por um dos moradores do Apart Hotel que acarreta na sua demissão e à expulsão de casa pelo possível estupro da própria filha.

Marco Ricca, talvez num dos melhores momentos de sua carreira está maravilhoso no papel deste pai , um homem visivelmente sofrido e amargurado e Adriana Esteves simplesmente dá um banho de interpretação na cena em que desabafa com o filho que a acusa de maus tratos da irmã, num rompante grito desesperado de uma mulher em busca da sua própria felicidade.
Poderia parecer apenas um filme sobre o drama de uma família comum de classe média baixa, com suas dificuldades de convivência e de ter que lidar com as durezas da vida, mas como num jogo de cartas os personagens acabam sendo o grande destaque e assumem até um ar meio Rodrigueano, mostrando o lado sórdido, cruel, imoral e egoísta do ser humano, mas que apesar de tudo, conseguem driblar a ruína dessa estrutura familiar num mirabolante e inesperado desfecho.
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