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Santa Maria ! Santa Maria ! ME TIRA DAQUI !!!

O vôo da Gol que saía de São Paulo no último sábado, dia 24, às 17 40h, estava cheio, como de costume. Menos aviões, avião completo.

Tudo deu certo desta vez; nem falta de teto, nem problemas de radares, como os de durante a semana, logo estaria chegando ao Rio.

Minha sorte pareceu mudar quando, ao me sentar na cadeira 9D, pude ver, e principalmente ouvir, que dois monstrinhos que atendem pelos nomes de Gustavo e Guilherme viajariam na mesma fila que eu, do outro lado do corredor, com a mãe, absolutamente sem poder de comando sobre eles.

Nunca fui louca por crianças, mas também nunca as odiei. Até certo ponto de minha vida, era algo tolerável, depois acabei sabendo como lidar e até me afeiçoando a algumas, geralmente filhas de amigas de longa data. Era bom ver a continuidade das pessoas que eu amava… Nunca quis ter filhos, não sou maternal e embora filhos só sejam crianças nos dez primeiros anos, essa não era a questão. Meu temperamento é outro e pude excercer isto durante a vida.

Voltando ao avião, eu estava cansada. Fui pra São Paulo no meio da semana a convite de Fernanda Yamamoto, para ver seu desfile, tema de meu próximo post aqui. Mas não fiquei só na SPFW e aproveitei para trabalhar, fazer contatos e reencontrar os amigos. E que amigos deliciosos eu tenho lá! Envolvida nesta atmosfera do que foi bom, do cansaço e da perspectiva de logo estar em casa, eu estava bem. Não fosse por Guilherme e Gustavo.

Este último, uma coisinha mínima, de três anos, que tocou o maior rebu no avião. Se tivessem me dado dez dólares por cada vez que ouvi seu nome, eu teria saído do avião com muito dinheiro.

Quando cheguei ambos gritavam: “Santa Maria ! Santa Maria !” à exaustão. Batucando na mesa que deveria estar fechada. A mãe não tinha nenhuma autoridade sobre aquelas duas crianças muito chatas, mal educadas e profundamente inconvenientes. Quando ela viu meu primeiro olhar, não gostou. Foi só aí que fez seu papel de mãe, defendendo a cria.

O pai, atrás da mãe conseguiu ler durante todo o trajeto. Como, eu não sei. Mas ele já deve estar bem treinado. Viver com aqueles dois monstrinhos num lar de permissividade com certeza não é novidade para ele.

Eu cheguei ao Rio com enxaqueca, muito irritada, odiando aquela família. Mas o que não me saiu da cabeça durante aquele vôo foi como as coisas pioraram de anos pra cá. “No meu tempo”, eles olhavam e a gente entendia. Hoje em dia nem gritando eles param ! Incomodam a todos e parece até que é um prazer para quem tem de viver isto. Não é !!

Esta semana Sócrates Nolasco publicou em seu perfil no Facebook que os universitários já não reconheciam autoridade dentro de sala de aula. Só dentro ?! Essa crise de autoridade é muito séria porque não há limites, hierarquia, escala de valores. Então, o que há?! O que sobrou de nossa sociedade antes tão rígida ATÉ por termos passado por uma ditadura militar que impunha certos limites comportamentais também, para o bem e para o mal ?

Eu me vejo muito desprotegida nessa questão. Porque nã há quem me represente, me defenda deste tipo de situação. Pessoas, muitas pessoas olhando não foram suficiente para aquela mãe domar seus selvagens. Ela chegou a dizer para o menor: “Gustavo, você não tem querer !”, no que eu pensei: “opa, ela agora mandou bem!”, e o garotinho prontamente respondeu: “Tenho sim!”, e ela: “Só do lado de fora do avião, aqui dentro, não!”. Aí eu perdi completamente minha esperança naquele ser humano.

Quando meu pai me dizia isto quando eu era criança, eu queria morrer !! Mas depois que cresci, vi que era verdade. Parece que para os de hoje, não.

Acredito mesmo que ninguém reclamou dentro do avião com medo de tumulto e do avião ter de voltar. Eu mesma não reclamei porque estava doida para chegar em casa. Estamos vivendo cada vez mais na exceção, nunca na regra.

Entrei no taxi e comentei com o motorista, já conhecido, que eu estava alterada e disse o porque. Ele prontamente me respondeu: “Nunca tive esse tipo de problema. Com os meus, era só olhar. Eles entendiam e ainda viravam para trás para conferir se era com eles mesmos, e até endireitavam a postura”. Tempo bom, gente interessada em educar seus filhos, criar cidadãos.

Estou muito preocupada com o que ainda virá por aí.




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