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COLUNAS

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Em 2002, o cineasta mineiro Cao Guimarães exibiu o vídeo Rua de mão dupla na 25ª Bienal de São Paulo (2002). O que hoje fazemos discretamente em videoligações, quando nosso olhar curioso vaga pelos vestígios da casa do outro lado da tela, Guimarães fez de maneira radical: convidou pessoas que não se conheciam e que moravam sozinhas para trocarem de casa durante 24 horas. De posse de uma câmera de vídeo, cada um registrou tudo o que parecia significativo na casa do outro, construindo um imaginário sobre aquele desconhecido a partir de seu lar.


Em seu site, Guimarães explica: "Rua de mão dupla é um projeto que trata essencialmente da realidade do indivíduo urbano que vive só. É uma tentativa de desorganizar um pouco estas realidades. Por meio de uma câmera de vídeo, os participantes inserem sua personalidade (pelo olhar) na personalidade de um outro ausente. Solidões se (con)fundem em algum momento deste fluxo de olhar e ser olhado, de presença ausente e de ausência presente, de identificação e de diferenciação".

Still de vídeo Rua de mão dupla, de Cao Guimarães, retirado do catálogo da 25ª Bienal de São Paulo (2002)

A 25ª Bienal de São Paulo teve como tema central "Iconografias metropolitanas", e esse viés norteador urbano está presente na obra do cineasta mineiro. A 25ª edição teve a participação de 194 artistas, em sua grande maioria fora do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, e recebeu 668.428 visitantes, o maior público contabilizado até então nas Bienais de São Paulo. Outras informações sobre a mostra podem ser acessadas no catálogo da edição.

Após longo período residindo em Nova York, André Feliciano volta ao circuito brasileiro de arte com a exposição individual Ecologia Fotográfica, na Zipper Galeria. A galeria criou especialmente para esta mostra um viewing room contendo todos os trabalhos e textos da exposição, além de um vídeo sobre a produção do artista.


Ecologia Fotográfica reúne a nova produção fotográfica e escultórica de André Feliciano, cuja narrativa conduz o espectador para as possíveis combinações entre natureza e arte, em uma roupagem lúdica e contemplativa. Como pontua Gisela Gueiros, que assina o texto crítico da mostra, “se, por um lado, máquinas e processos da fotografia ficam antiquados e os cliques se banalizam, os vaga-lumes nos relembram da naturalidade da fotografia. Ela está viva. E, como tudo que é vivo, morre – para renascer diferente”.

André Feliciano trabalha como artista, professor e jardineiro-de-arte. Nesta exposição mostra seu trabalho como artista. Possui mestrado em Poéticas Visuais pela USP, publicou diversos livros sobre o Florescimento da Arte, expôs internacionalmente, como no Annenberg Space for Photography, em Los Angeles, e prepara uma exposição para o Broehan Museum, em Berlim.

Ecologia Fotográfica pode ser visitada até 12 de setembro. A Zipper Galeria fica na R. Estados Unidos 1494, Jardim América, SP.

O cartaz oficial da 24ª Bienal de São Paulo – Um e/entre outro/s trazia um desenho do artista Leonilson (1957-1993) e foi criado por Raul Loureiro e Rodrigo Cerviño Lopez. Com curadoria geral de Paulo Herkenhoff e museografia assinada por Paulo Mendes da Rocha, a exposição, que ficou conhecida como Bienal da Antropofagia, foi subdividida em quatro seções: "Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros."; Representações Nacionais; Arte Contemporânea Brasileira: Um e/entre Outro/s; e Núcleo Histórico: Antropofagia e Histórias de Canibalismos".


Entre os artistas com obras na exposição figuram Francis Bacon, Vincent van Gogh e Louise Bourgeois, além dos brasileiros Maria Martins, Hélio Oiticica e Lygia Clark. Outras informações podem ser consultadas na página do portal Bienal dedicada à mostra.

A obra de Leonilson, cujo trabalho ilustra o cartaz da 24ª Bienal, inclui pinturas, desenhos, bordados e algumas esculturas e instalações. As peças realizadas pelo artista são predominantemente autobiográficas, como em um diário pessoal. Sua poética trata de sua existência, debate sentimentos, alegrias, conflitos e dúvidas. No final de sua vida, descobre ser portador do vírus HIV, fato que repercute de forma dominante em sua obra.


"Ainda que novamente seja utilizada a reprodução da obra de um artista, o resultado foge ao diagrama-padrão adotado no cartaz da Bienal anterior. Tendo como pano de fundo o tema dessa edição da Bienal, ʽAntropofagia', a imagem escolhida é seca e contundente. Contrariamente ao excesso dos cartazes da 21ª e 22ª, neste caso reinam a limpeza e a precisão. O desenho flutua no plano preto, e nele uma figura caminha sobre um fio, sugerindo o delicado equilíbrio que caracteriza o trabalho do artista, independente de época ou lugar". (Francisco Homem de Melo, Bienal 50 anos 1951-2001, 2001, p.304)

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