Cao Guimarães e a abordagem da solidão urbana na 25ª Bienal de SP
- andréia gomes durão
- 30 de ago. de 2020
- 1 min de leitura
Em 2002, o cineasta mineiro Cao Guimarães exibiu o vídeo Rua de mão dupla na 25ª Bienal de São Paulo (2002). O que hoje fazemos discretamente em videoligações, quando nosso olhar curioso vaga pelos vestígios da casa do outro lado da tela, Guimarães fez de maneira radical: convidou pessoas que não se conheciam e que moravam sozinhas para trocarem de casa durante 24 horas. De posse de uma câmera de vídeo, cada um registrou tudo o que parecia significativo na casa do outro, construindo um imaginário sobre aquele desconhecido a partir de seu lar.
Em seu site, Guimarães explica: "Rua de mão dupla é um projeto que trata essencialmente da realidade do indivíduo urbano que vive só. É uma tentativa de desorganizar um pouco estas realidades. Por meio de uma câmera de vídeo, os participantes inserem sua personalidade (pelo olhar) na personalidade de um outro ausente. Solidões se (con)fundem em algum momento deste fluxo de olhar e ser olhado, de presença ausente e de ausência presente, de identificação e de diferenciação".

A 25ª Bienal de São Paulo teve como tema central "Iconografias metropolitanas", e esse viés norteador urbano está presente na obra do cineasta mineiro. A 25ª edição teve a participação de 194 artistas, em sua grande maioria fora do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, e recebeu 668.428 visitantes, o maior público contabilizado até então nas Bienais de São Paulo. Outras informações sobre a mostra podem ser acessadas no catálogo da edição.
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