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"A Utopia do Não" ocupa o Paço Imperial a partir deste sábado

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 23 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de jan. de 2019

Artistas e curadores dos cursos Imersões Poéticas e Imersões Curatoriais da Escola Sem Sítio promovem neste sábado, dia 26, às 15h, o vernissage da coletiva "A Utopia do Não", no Paço Imperial, no Centro.

Obra da artista plástica Patricia Figueiredo.

"A utopia do não" resulta do trabalho realizado em dois cursos concomitantes voltados para a formação de artistas e curadores. Do curso Imersões Poéticas, treze artistas foram convidados a participar da exposição, enquanto no curso Imersões Curatoriais, sete alunos refletiram sobre a prática curatorial construindo um projeto de exposição.


Os participantes dos Programas foram orientados por Cadu, Cristina de Pádula, Efrain Almeida, Fernando Leite, Ivair Reinaldim, Leila Scaf, Marcelo Campos e Tania Queiroz.


Integram a coletiva os artistas Adriana Cangalaya, Anna Corina, Bianca Madruga, Caeso, Dulce Lysyj, Fernanda Mafra, João Paulo Racy, Maia Bueloni, Maria Vitória Marini, Mariana Paraizo, Mariana Süssekind, Patricia Figueiredo e Yago Toscano.


São curadores da mostra Ana Rosa, Anderson Oliveira, Andrea Almeida, Fernanda Carvalho, Gustavo Barreto, Hélio Bonomo e Vilmar Madruga.


"Esta exposição resulta do processo coletivo de mergulho, reflexão e produção de treze artistas e oito curadores no âmbito dos cursos oferecidos pela Escola Sem Sítio, caracterizando-se como uma espécie de cartografia, constituída por gestos, materialidades e imagens capazes de proporcionar múltiplas reflexões e visões sobre o agora. Vemos aqui obras que versam sobre o território, as emoções, a natureza, o tempo, a violência, o segredo, o acúmulo, a ostentação, o bloqueio, a dor, o objeto, o consumo, o gesto, o subterrâneo, a inocência perdida.


Enquanto algumas dessas proposições focam na coletividade e nas questões sociais, no autoritarismo e no impedimento - olham "para fora" -, outras, por sua vez, voltam-se para assuntos internos, para afetos mal resolvidos, para a intimidade do ego - olham "para dentro". Essa aparente dicotomia, no entanto, dilui-se ao constatarmos que as obras aqui apresentadas transbordam entre si as várias possibilidades deste "não" que dá título à mostra.


Quando convocados a participar dessa experiência coletiva, andamos sobre o movediço terreno ambivalente da afirmação e da negação. Ou ainda: da negatividade como potência. É o que chamamos aqui de uma “utopia do não”, vinculada ao nosso modo (inevitavelmente tenso, desconfortável) de habitar o presente. Sabemos, de outro modo, que a arte lida com o que Adorno denominou “dialética negativa”, ou seja, enfrenta um mundo na contramão, à contrapelo. O não”, aqui proposto, torna-se desejante, espaço de silêncio ativo e de reflexão constante.


Ao dizermos que esta experiência se abre a uma “utopia do não”, referimo-nos a uma dupla negação, a dois nãos que se opõem, já que u-topia significa etimologicamente “não-lugar” (ou = não; topos = lugar). Habitar este não-lugar da utopia é, portanto, um gesto afirmativo. Mas o que se afirma? Talvez o presente, a força do agora, uma força intangível e que não pode se apresentar senão como um vago ruído, vestígio, silêncio, inter-dito, algo que não somos capazes de definir e descrever completamente."


VERBETE 1 - Olhando "para fora": POLÍTICA

Os trabalhos aqui expostos nos fornecem pistas de uma provocação ética/estética agulhada pelo social, pelo grito contra a restrição das liberdades e pelo desejo de uma reconquista de espaço.

Vivemos um momento político que parece impulsionado pelo não. Ele assume diferentes tonalidades, intensidades e direções dependendo do lugar com o qual o sujeito se identifica, se relaciona e se encontra no mundo.

Para além da memória, algumas obras vão operar de maneira mais incisiva. Dando ênfase em questões que nos atravessam e que nos são impostas em nosso percurso, como a relação de impedimento/deslocamento pela cidade, a durabilidade artificial do consumo, a violência quer institucional, histórica que oculta silêncios e vazios camuflados. A arte, trazida à tona mediante processo de transgressão, grita pare.


VERBETE 2 - Olhando "para dentro": MEMÓRIA

Outro aspecto relevante a ser destacado na mostra é o corpo como memória, que comparece em algumas obras, ora ocultando, ora revelando uma espécie de dor invisível e amordaçada. Os objetos, negando-se a explicitar um significado único e definitivo, parecem tecidos, pintados ou escritos no limite entre o visível e o invisível. E é nessa fronteira que se transformam, se reinventam e ressignificam.

Essas investigações surgem através de diferentes disparos, confrontos e incômodos presentes em nossa memória, por exemplo. Sejam os que remetem a uma infância onde a ostentação se torna sinônimo de contenção, sejam os que vão tornar visíveis as relações de dor, afeto e alteridade presentes no tecido social, por meio de elos construídos e desconstruídos ao longo do tempo. Tempo não linear, de lembranças fragmentadas captadas do cotidiano, contadas de maneiras a devolver o olhar para os públicos.

Propostas que afirmam lembranças do passado para negar desigualdades no presente. Negação do toque, das relações de apropriação e das situações de invisibilidades.


A exposição poderá ser visitada até 23 de fevereiro. O Paço Imperial fica na Praça XV de Novembro 48, no Centro.

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