"Anomia", de Lícius Bossolan, ocupa o Centro Cultural Correios do Rio
- andréia gomes durão
- 19 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Há mais de 15 anos, Lícius Bossolan produz trabalhos no campo da pintura e da fotografia, investigando a natureza da imagem e do diálogo híbrido entre essas duas linguagens, desenvolvendo pesquisa poética direcionada à representação do corpo e sua conexão com a pós-modernidade.
O artista é graduado em pintura e mestre em artes visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Atua como professor do quadro permanente no curso de Pintura da UFRJ desde 2010. No momento está como coordenador do curso de graduação em pintura da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ele é natural da França (1973), nacionalizado brasileiro e reside atualmente em Petrópolis-RJ.

Essa é a segunda individual de Lícius Bossolan no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro, onde o artista já se apresentou com a exposição Sociedade-identidade, em 1999.
Nessa exposição individual, em cartaz até o próximo dia 26, Lícius exibe sua produção mais recente: a série de pinturas a óleo intitulada Anomia. Nesses trabalhos figurativos, o artista estabelece uma nova abordagem da 'atmosfera do silêncio', inicialmente tratada por ele em ambientes urbanos e cotidianos.
Bossolan trabalha a pintura da figura humana e pensa a pose utilizando-se do conceito 'anomia', estabelecido pelo sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) e posteriormente lapidado pelo antropólogo francês Jean Duvignaud (1921-2007). De acordo com os autores, anomia é um estado de desregramento, de grande agitação e desequilíbrio vivenciado pelas sociedades em períodos de transformação e de reestruturação dos seus limites morais.


Pensando no momento atual, o artista dá vazão a essa poética por meio de retratos em que a teatralização do indivíduo traz à tona esse sentimento muito conectado ao sistema socioeconômico contemporâneo. Importante ressaltar que os trabalhos exibidos são também resultado do projeto que Lícius Bossolan desenvolve na Universidade Federal do Rio de Janeiro junto a seu grupo de pesquisa, intitulado "O corpo como poética na pintura contemporânea", cujo trabalho vem sendo exibido em diversos espaços culturais desde 2016.
Nessa exposição, o artista privilegia a pintura de retrato, evocando o tema da anomia e instigando o observador a imergir no mesmo tempo suspenso dos retratados. Com isso, a necessária reflexão que permeia cada detalhe de seu criterioso e elaborado trabalho pictórico poderá ser realizada no silêncio e quase penumbra da sala de exposição, em um projeto expositivo que traz à tona o clima que as pinturas pedem e evocam.
O Centro Cultural Correios Rio de Janeiro fica na Rua Visconde de Itaboraí 20, no Centro do Rio.
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