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"Bordas da Ausência" chega à Galeria Aymoré neste sábado

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 4 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

A Galeria Aymoré recebe a partir deste sábado, dia 07, a exposição "Bordas da Ausência", resultado de um projeto entre mestrandos do curso de pós-graduação em Artes da UERJ. A partir desse encontro, a mostra reúne a produção de dois jovens artistas e um jovem curador, atuantes na pesquisa acadêmica carioca.


A aproximação entre a produção dos artistas se dá pelo do modo de construção de sentidos a partir de signos que remetem à ideia da rememoração, de ruína e de perda. Por meio de gestos imaginativos, em que a dissociação e a associação entrelaçam-se na construção de sentido das obras, os artistas desta mostra buscam compartilhar vestígios pessoais e criar ruídos, abrindo suas histórias para significações abismais.

Nathan Braga

Érica Magalhães é artista visual natural de Minas Gerais. Vive e trabalha atualmente no Rio de Janeiro, onde desenvolve suas investigações artísticas no mestrado de artes visuais da UERJ. Suas obras, quase todas esculturas ou instalações, atuam no jogo de forças entre materiais brutos e singelos, que por vezes parecem alternar suas propriedades em recusa a uma categorização dicotômica simples.


Utilizando com frequência materiais que remetem à construção civil, como cimento, vergalhões e pedras, a artista os aproxima de objetos cotidianos frágeis e de caráter doméstico, como pratos e xícaras de porcelanas ou bibelôs antigos, como nas obras Fênix (2018) e Sem título (2018). Adornados de modo a serem antes objetos de apreciação estética que peças puramente funcionais – tem-se aqui já uma das primeiras dicotomias presentes nos materiais em que utiliza –, estes parecem emergir de pesados blocos de cimento, cristalizados no tempo. Atualmente, a pesquisa da artista vem migrando para a construção de peças maiores de caráter mais antropomórfico, como a série Bonecas (2019).

Nathan Braga

Érica Magalhães

Já Nathan Braga, mestrando no mesmo programa da UERJ, constrói sua poética a partir de materiais que se revelam em sua total efemeridade. Utilizando recorrentemente a naftalina e objetos orgânicos como matéria-prima, produz um conjunto de obras que desafia a relação efetivada com o espectador e o espaço que o contempla.


Graças às propriedades químicas da naftalina, material que compõe trabalhos como Joia Vil (2018) e À tua imagem e semelhança (2018), a obra se faz em uma completa instabilidade, já que se dissipa ao longo da exposição, deixando apenas resquícios de sua presença. A angústia desvelada nos trabalhos do artista parte de sua pesquisa acerca de experiências pessoais, pontuada pela ausência da mãe.

Érica Magalhães

Nathan Braga

Compõe também a exposição a série "Para levantar a cabeça do que aqui repousa" (2019), realizada durante sua residência artística na Fundação Armando Álvares Alvares Penteado, em que a construção remete à tradição fúnebre egípcia de exumar os mortos com mobiliários que assentavam suas cabeças. Além disso, o artista realizará uma obra site-specific nas árvores da Villa Aymoré.


Por meio de uma relação tênue com a experiência vital, "Bordas da Ausência" se propõe a pensar sobre essa efemeridade que se impõe ao que nos ronda, em sua presença marcada por uma ausência desvelada. Tomando a ausência como uma questão, esta se transfigura em matéria em cada um dos trabalhos selecionados, mas de forma diferente: torna-se pesado e imponente cimento ou efêmera e incômoda naftalina. O espectador terá a possibilidade de entrar em contato com poéticas que se apropriam de memórias e objetos para, a partir disso, construir outras relações com o mundo e o que o circunda.


"Bordas da Ausência" poderá ser visitada até 03 de maio. A Galeria Aymoré fica na Ladeira da Glória 26, na Glória.

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