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"Como olhar para trás" aborda as muitas percepções da memória

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 8 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

A Z42 Arte inaugura na próxima quinta-feira, dia 12, a exposição "Como olhar para trás", com obras inéditas das artistas Ilana Zisman, Maria Amélia Raeder, Mariana Sussekind e Priscila Rocha, que ocuparão todo o espaço expositivo da galeria no Cosme Velho. Com curadoria de Fernanda Lopes, a mostra traz o tema da memória, em diferentes aspectos, por meio de obras produzidas em diversos suportes, como fotografia, instalação, desenho, pintura e objeto.


"A exposição apresenta possibilidades de estudo sobre a memória: memória como invenção, como tornar presente algo que está ausente, como reconstrução de algo que ficou, que é presença, e também o que sobrou da memória de algo que não se conhece. Muitas vezes a memória aparece como rastro, como pista, como insinuação", diz a curadora Fernanda Lopes.

Priscila Rocha

Ilana Zisman

A ideia da mostra surgiu a partir de um grupo de estudo das artistas com a curadora. Ao longo de seis meses, elas se encontraram para discutir seus trabalhos e questões relacionadas a eles, e identificaram que todas vinham, mesmo que de formas diferentes, tratando sobre o tema da memória em suas produções.


No hall de entrada do casarão de 1930 que abriga a Z42 Arte estará uma única obra: "Museu de História (Des)natural" (2019), da artista Priscila Rocha, composta por uma mesa de mármore com peças em gesso dispostas como se estivessem em uma vitrine de museu, inclusive com legendas descritivas. "A ideia da construção da memória está presente nesse trabalho, em que faço uma brincadeira entre a ficção e a realidade", diz a artista.

Ilana Zisman

Priscila Rocha

Maria Amélia Raeder

As quatro salas seguintes serão ocupadas cada uma por uma artista. Em uma delas, estarão obras de Ilana Zisman, como "Arquivo 1", da série Lavagem ou Taharah (ritual judaico por que passa o corpo antes de ser enterrado, que respeita e dignifica o corpo), composta por diversos pedaços de papel de seda tingidos de tons de vermelho, colocados uns sobre os outros. "As unidades podem remeter à vida ou à morte", explica Zisman, que tinge cada um dos papéis manualmente. A curadora Fernanda Lopes ressalta que "os trabalhos têm uma forte presença física, mas, ao mesmo tempo, são feitos com materiais frágeis, que nos remetem à ideia de sofrimento, por estarem amontoados e terem a cor vermelha, que nos lembra o sangue, a carne".


Com trabalhos voltados para o jornal como objeto central de investigação, Maria Amélia Raeder apresentará, em outro ambiente, a grande instalação "Estratégia para permanecer" (2019), com 230 desenhos feitos em nanquim sobre papel vegetal, "reproduzindo" uma imagem que foi publicada no jornal The New York Times. Os desenhos são feitos a partir de um método desenvolvido por ela, que permite a criação de infinitos percursos dentro da mesma imagem. "Parece o percorrer de um labirinto, só que ao invés do objetivo do percurso ser encontrar uma saída, a intenção é manter-se nele o maior tempo possível", revela Raeder.


Já Priscila Rocha, além da vitrine no hall de entrada da Z42, ocupa uma sala com pinturas, objetos e instalações, partindo da imagem dos soldadinhos de brinquedo. Marcas de pegadas desses soldados aparecem na pintura "Valsa ensaiada" (2019) e bonecos e pedaços de mármore fragmentados estão em "Favor não brincar" (2019). Em sua pesquisa sobre os soldadinhos, Rocha chegou na folha de acanto e na memória histórica que ela carrega.

Mariana Sussekind

Priscila Rocha

"Há diversos significados ao longo do tempo, como se entrelaçou com o militarismo e como se disseminou como estética ornamental, apagando seus significados históricos", afirma.


Já Mariana Sussekind acompanhou, ao longo de nove meses, o desmonte de um apartamento após a morte de sua proprietária. Sessenta fotografias desse processo compõem a instalação "No dia que tiraram os lustres", uma "pesquisa sobre o processo de olhar para trás, reolhar, descartar e preservar", conta a artista. "Mariana fotografou o apartamento compulsivamente, com luz natural, sem interferência. As fotos, de tomadas diferentes e até algumas repetidas, são montadas de forma instalativa, como se estivesse formando um filme, destacando como a memória é criada", descreve a curadora Fernanda Lopes.


"Como olhar para trás" poderá ser visitada até 11 de abril. A Z42 Arte fica na rua Filinto de Almeida 42, no Cosme Velho.

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