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"Entrudo", do espaço OLugar, é uma alegoria e apoteose de pura arte

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 11 de fev. de 2020
  • 2 min de leitura

A exposição coletiva "Entrudo" tem vernissage na próxima sexta-feira, dia 14, às 17h, Espaço Expositivo OLugar Arte Contemporânea, na Fábrica Bhering, em Santo Cristo.


O abstrato conceito de folia se atualiza sempre que o Carnaval se aproxima. E, neste fevereiro, se concretizará no Espaço Expositivo OLugar Arte Contemporânea, por meio da mostra "Entrudo", uma das primeiras manifestações carnavalescas ocorridas no Brasil.

Tendo como uma das referências os festejos de consagração a Saturno, na Roma antiga - quando os escravos se vestiam como seus senhores e por eles eram até servidos - passando pelos antigos carnavais de Portugal - onde virou tradição - o Entrudo chega ao Brasil no período colonial.


No século XIX, aparecem as primeiras dissensões quando, na cidade do Rio de Janeiro, para além da manifestação festiva popular, passa a representar uma disputa pela ocupação das ruas entre as distintas classes sociais. Para as elites, disputar espaços públicos com as classes "inferiores", a ralé - escravos, africanos libertos, párias da sociedade - era inadmissível, por considerarem esse tipo de manifestação como um "jogo bárbaro, pernicioso e imoral".

Assim, na segunda metade do século XIX, o Entrudo é proibido e reprimido, com forte pressão das classes dominantes, embora a prática carnavalesca popular não tenha deixado de ocupar as ruas das cidades como forma de resistência. Novas formas de festejo foram surgindo, seja nos bailes de máscaras dos salões e teatros destinados às elites, seja nos cordões de rua praticados pela população das classes populares.

"Tardes de Folia", de Rudi Sgarbi.

Esses cordões, que tinham como uma de suas características profanar a estética e conteúdo das procissões religiosas, seriam embriões de componentes que conhecemos e identificamos no carnaval atual, em sua origem. Todos esses fatos nos ajudam a compreender porque as festas carnavalescas, historicamente constituídas ao longo do tempo como movimento de resistência e grande liberdade estética, são consagradas, em sua essência, como festas populares.

E é nesse espírito de resistência, de alegria e renovação que estes artistas são convidados a vestir a fantasia, sendo quem quiser ser, e mostrar toda beleza, cores e formas do Carnaval, em uma explosão dos sentimentos contidos.

Mais que uma exposição, "Entrudo" se propõe a ser um grande carro alegórico, um barracão, uma passarela do samba com apoteose de pura arte.


OLugar Arte Contemporânea fica na Fábrica Bhering (Rua Orestes 28, em Santo Cristo).

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