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Julio Villani inaugura expo "Point à la ligne" neste sábado, em Paris

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 14 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

"Point à la ligne", exposição de Julio Villani, tem vernissage neste sábado, dia 16, às 16h, na Galerie RX. A série de pinturas apresentada pelo artista em sua segunda exposição na galeria parisiense tem um título genérico: collapsible architectures. O anglicismo se justifica, pois os vocábulos (franceses) "dobrável" e "desmontável" não comportam a dimensão imprevisível do adjetivo inglês: aquele que contém o desmoronamento, que pode ruir a qualquer momento.

Esta produção pictural responde aos seus Instabilis, assemblages sustentadas pela tensão de um fio. São formas trêmulas pelas quais Villani busca a interrupção continua do movimento, a obtenção de um estado oscilando eternamente entre o móvel e o estável (como a flecha de Zenão, "que voa e não voa", ou um Aquiles "imóvel à grandes passos").


Afinal, não há verdadeira imobilidade. "Nada existe em estado permanente" sugere Roland Barthes; "a arvore é a cada instante uma coisa nova", nós focalizamos a sua forma por não percebermos a sutilidade de seu movimento


A obra de Villani como um todo parece edificada segundo um sistema de construção (mental) que muito deve à relatividade da fixidez, e que consiste em manter suspensas, o maior tempo possível, essas transformações silenciosas, esses movimentos imperceptíveis que separam o ser de seu devir.


A linha não é aqui a mais curta distância entre dois pontos, mas o que surge quando um ponto sai passeando. Impossível prever até onde irá. Por vezes, saltando fora do quadro, este avança no espaço; a linha se faz então fio e amarrilho, barbante e corda, e desenha no ar.


Os lineamentos da obra de Villani são diferentes meios de despoletar a criação, anuviar as fronteiras. Em suas arquiteturas, eles se estendem para bem além da tela: a composição é meramente uma porção do todo que o artista nos dá a ver, situada entre um começo invisível e um fim imaginário, ambos contendo bifurcações potenciais.


O artista não se priva de segui-las, todas, umas após as outras, umas simultaneamente às outras. O resultado é uma arte múltipla, feita de sobreposições poéticas, onde a linha traça seu caminho – de pintura em bordado, de colagem em escultura – com total liberdade.

¹ Jogo de palavra parcialmente traduzível por do ponto alínea

² Paradoxos de Zenão de Eléia, evocados por Paul Valéry em seu poema O cemitério marinho (Le Cimetière marin).

³ Roland Barthes, O Prazer do texto (Le Plaisir du texte), in Œuvres complètes.


"Point à la ligne" poderá ser visitada até 25 de abril, na Galeria RX (16 Rue des Quatre Fils, 75.003, Paris).


Foto: divulgação

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