"Nona...", filme de Camila Donoso, estará no Festival de Rotterdam
- andréia gomes durão
- 21 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Dirigido por Camila José Donoso, "Nona: se me molham, eu os queimo", foi selecionado para o Festival de Rotterdam, que acontece entre os dias 23 de janeiro e 3 de fevereiro, e será exibido na Mostra Competitiva "Tiger".

A ideia para o filme surge por meio do relacionamento que a diretora tem com Josefina Ramirez, uma mulher extraordinária que, entre outras, é avó de Camila. Nona surge do desejo da diretora de falar não somente sobre sua avó, mas sobre toda uma geração que teve a vida marcada por inúmeras lutas que ocorreram no Chile, um país preso entre a cordilheira e o oceano.
O roteiro de "Nona: se me molham, eu os queimo" baseia-se em eventos reais, imaginários, recriados, provenientes da vida de Josefina, que compõem um quadro heterogêneo e intrigante. Em seu primeiro filme, "Naomi Campbel", a diretora fez um retrato documental de uma mulher transexual e a ficção ocorreu discretamente.
Em "Nona: se me molham, eu os queimo", a ficção supera o mundo real, embora cada elemento seja derivado da vida de Josefina. "Eu queria que a personagem de Nona tivesse profundidade. Eu queria que o espectador descobrisse Nona como eu a conhecia; uma avó, uma dona de casa extrovertida que ocasionalmente mentia, uma mulher volúvel, e tudo aquilo que estava longe da femme fatale piromaníaca que mais tarde descobri. Eu queria que o espectador pudesse viver na intimidade de Nona, sem julgamento: pois a beleza de Nona também reside na complexidade, na ambivalência de seu caráter", explica a diretora.
O filme tem a atuação de não profissionais, como a própria avó da diretora interpretando a nona, Josefina Ramirez, as atrizes Gigi Reyes, Paula Dinamarca e Nancy Gómez, e o ator brasileiro Eduardo Moscovis, que interpreta Pedro.
O filme acompanha Nona, uma senhora dona de casa atípica, de 66 anos, que vive em autoexílio em uma cidade costeira no sul do Chile. Muito próximo a ela, em uma misteriosa floresta, ocorrem incêndios estranhos que são atribuídos ao diabo. Um dia, quando vento e o oceano parecem possuídos, toda a região testemunha um grande incêndio florestal que parece estar fora de controle.
Dessa forma, o filme faz um paralelo entre a vida da personagem que parece calma e organizada, com a situação do Chile que parece calmo e próspero. No entanto, a vida de Nona tem as marcas de um passado violento, de que ela não pode se desfazer e da mesma forma que acontece com o Chile hoje.
"Nona: se me molham, eu os queimo" é a estreia da diretora na ficção e é produzido por Rocío Romero, do Chile (Mimbre Producciones), Alexa Rivero da França (Altamar Films) , e pela brasileira Tatiana Leite, produtora de "Benzinho", de Gustavo Pizzi, e coprodutora de "Pendular", de Julia Murat. No Brasil a distribuição do longa será da Vitrine Filmes.
Foto: divulgação
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