"O cérebro (e a caminhada) de Guido Anselmi" sábado no MAM Rio
- andréia gomes durão
- 15 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
O MAM Rio apresenta a partir do dia 18 de janeiro, às 16h, a exposição "O cérebro (e a caminhada) de Guido Anselmi", que reúne 70 ampliações fotográficas de Paul Ronald (1924–2015) – celebrado fotógrafo de cena francês, que teve sua trajetória ligada ao cinema italiano – com registros dos bastidores da produção e filmagem de “8½” (1963), obra-prima de Federico Fellini (20 de janeiro de 1920, em Rimini, Itália – 31 de outubro de 1993, em Roma). As fotografias pertencem ao colecionador Antonio Maraldi, que as recebeu em doação do próprio Paul Ronald no final dos anos 1990.
Este conjunto de fotografias é inédito fora da Itália, e a exposição integra as celebrações dos cem anos de nascimento deste gênio da arte cinematográfica, em uma realização conjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Instituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro, Embaixada da Itália no Brasil, Consulado da Itália no Rio de Janeiro, Comune e Cineteca de Rimini, e Centenário Fellini.

Hernani Heffner, curador da exposição, explica que o título se refere ao alter ego de Federico Fellini em “8½”, o cineasta Guido Anselmi, “cuja consciência/inconsciência forma a matéria-prima do que se vê e ouve ao longo do filme”. As 70 imagens foram selecionadas entre os 2.200 negativos que registraram os bastidores dessa produção. “Tanto as circunstâncias peculiares da realização quanto o volume de imagens e a documentação mais atenta do processo de filmagem são atípicas mesmo para um cineasta que vinha se consolidando como ‘único’”, comenta Hernani.

“Em uma trajetória recente marcada por premiações importantes como a Palma de Ouro por ‘A doce vida’ (1960), e por uma filmografia memorialística, ‘8 ½’ surge como um retrato expandido de um momento de crise pessoal, por conta da dificuldade em encaminhar um novo filme, e do mundo, devido à crise dos mísseis nucleares instalados em Cuba”, observa o curador. Ele ressalta que “longe de ser um mero delírio casual ou uma narrativa cifrada do id, ‘8 ½’ é o ingresso definitivo de Fellini no cinema moderno, uma incursão em torno do fazer cinematográfico não convencional, moldada por experimentações técnicas como o quadro esférico (a nascente proporção 1.85:1) e rigor de realização nos diferentes setores da produção de que nos dá conta justamente o presente conjunto de fotografias”.
Hernani Heffner lembra que “o Oito e meio do filme indica que Fellini considerava que tinha dirigido o equivalente a oito longas metragens e meio, um episódio de um longa”.

A exposição poderá ser visitada até 16 de março. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro fica na Av. Infante Dom Henrique 85, no Parque do Flamengo.
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