Paulo Jorge e Elmo Martins assinam curadoria da mostra "Pictoricidades"
- andréia gomes durão
- 20 de set. de 2019
- 2 min de leitura
"Pictoricidades", coletiva com curadoria de Paulo Jorge Gonçalves e Elmo Martins, chega ao Rio de Janeiro no próximo dia 28, sábado, às 18h, no Canto da Carambola, em Santa Teresa, a convite de Miro Mendonça. A exposição integra o Circuito Oriente. A mostra a princípio foi selecionada em edital para ocupar o Solar da Baronesa, em São João del Rei, no ano passado; e agora desembarca em terras carioca.

O trabalho pictórico em variados suportes e formas produzido por artistas do Rio de diversas gerações é um dos grandes diferenciais da mostra, que une linguagens como grafitis, colagens, cores, texturas, volumes e uma intensa pesquisa que afirma como, nos dias atuais, a pintura é relevante instrumento artístico.

A pluralidade de temas abordados é grande, mas são a sensualidade, a violência, a tensão e a emoção que saltam aos olhos do observador, em uma seleção de obras com grande presença figurativa.

Integram "Pictoricidades" os artistas Davi Baltar (Davi), Diogo Santos Bessa, Elmo Martins, Hugo Bernabé, Luiz Rocha, Maurício Kiffer, Paulo Jorge Gonçalves e Renan Henrique Carvalho.

"Em 1915, o historiador da arte Heinrich Wölfflin estabeleceu um método de análise da representação por meio de conceitos que ele chamou de fundamentais. O primeiro par de conceitos foi a diferença de uma arte linear e outra pictórica, que, de acordo com o autor, são dois modos diferentes de ver. O primeiro seria o modo de observar por meio dos contornos, enquanto o segundo se dá pelas manchas, sem a pretensão de apreender o objeto pintado. Em determinado momento, ele expõe que o pictórico tem sua origem no olhar, isto é, tem como principal objetivo a visualidade, e não a apreensão 'verdadeira' do objeto.

O que é trabalhar com pintura em 2019? Quais as possibilidades plásticas e conceituais que a História da Arte deixou aos artistas atuais? A mostra coletiva discute o abrangente e controverso tema da pintura, com artistas em meio à efervescência de suas jovens produções, enfrentando um meio com grande estima histórica.

Embora a pintura tenha tido sua morte decretada incessantemente há mais de cem anos, esta permanece viva e renascendo constantemente em meio aos seus escombros. A mostra pretende entender como e por que continuar voltando a este suporte mal-dito: pintura. Qual é seu lugar na contemporaneidade?

Embora tenha uma existência milenar, nem o suporte nem suas motivações permanecem iguais, de modo que a pintura sempre volta à cena, e, frequentemente, ao protagonismo. O fazer pictórico aproxima-se em alguma medida do conceito de pictórico utilizado por Wölfflin: expressar modos de ver, apresentar experiências visuais, deixando muito atrás a intenção da arte como representação objetiva da realidade.

Assim, reunimos artistas de diferentes localidades do Rio de Janeiro e de Niterói que insistem na potência da pintura, discutindo suas heranças históricas unidas a questões atuais. Entre aproximações e antíteses, a pintura mostra seu melhor: a capacidade de se reinventar para nunca morrer."
Bruna Costa, pesquisadora em arte
O Canto da Carambola fica na Rua do Oriente 123, em Santa Teresa.
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