top of page

"Pintura do tipo Brasileira" reúne seis grandes referências do gênero

  • Foto do escritor: andréia gomes durão
    andréia gomes durão
  • 16 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

A galeria Patrícia Costa recebe a quarta edição da exposição coletiva "Pintura do tipo Brasileira", desta vez com participação dos artistas João Magalhães, Júlio Ferreira Sekiguchi, Manfredo de Souzanetto, Osvaldo Carvalho, Raimundo Rodriguez e Ronaldo do Rego Macedo. O vernissage acontece na próxima terça-feira, dia 19, às 19h.

Osvaldo Carvalho

João Magalhães

A iniciativa tem curadoria de Renata Gesomino, com a proposta de questionar como se classifica e se cataloga um estilo de pintura tipicamente brasileiro. A partir de investigações que partem inclusive do próprio processo de feitura e manufatura da superfície que recebe a tinta, os trabalhos de dimensões e suportes variados têm de 20x20cm a 90x170cm.


Ao brincar com o pensamento circunscrito sobre o que denomina, afinal, uma típica expressão pictórica brasileira, de acordo com a curadora Renata Gesomino, é "na justaposição da obra de artistas de diversas gerações que percebe-se uma espécie de transição de linguagens em um campo ampliado da pintura. Esse campo é resultado da síntese entre a figuração, a abstração e o conceitualismo, revelando um aspecto ulterior multidisciplinar desvinculado de uma abordagem histórica linear, permitindo assim a coexistência de fluxos estilísticos diversos e contraditórios".


Com a querida e não obstante desafiadora tarefa de expor a obra de João Magalhães pela primeira vez após sua passagem, a exposição "Pintura do tipo Brasileira" explora por um viés crítico, mas lúdico, as possíveis e ressoantes tipologias da produção artística brasileira sobre a tela.

"Mantendo a proposta original de realizar uma pesquisa plástica de cunho tipológico de algumas obras circunscritas no campo pictórico contemporâneo brasileiro, a exposição exibe trabalhos em superfícies variadas e com elementos estéticos plurais (materiais e imateriais), que vão desde a equilibrada planaridade dos colorfields de Manfredo de Souzanetto e Ronaldo do Rego Macedo às narrativas figurativas de cunho político subversivo de Osvaldo Carvalho.

Na justaposição da obra de artistas de diversas gerações, percebe-se uma espécie de transição de linguagens em um campo ampliado da pintura. Esse campo é resultado da síntese entre a figuração, a abstração e o conceitualismo, revelando um aspecto ulterior multidisciplinar desvinculado de uma abordagem histórica linear, permitindo assim a coexistência de fluxos estilísticos diversos e contraditórios.

Ademais, a investigação tipológica e formal perde força diante da complexidade material apresentada pelos meios da pintura, além de suas questões identitárias e territoriais que ressaltam as idiossincrasias do sujeito e escancaram as possibilidades de leituras dos signos por uma perspectiva semiológica e linguística. Desta maneira, seria possível decodificar as pinturas que se confundem com placas de venda de Júlio Ferreira Sekiguchi e os extensos "latifúndios" de Raimundo Rodriguez. Ambas produzem um efeito entrópico, mas, não menos poético no observador.

Outro fluxo estilístico sensibiliza a fragmentada temporalidade pós-moderna na série de pinturas de João Magalhães. Apresentada como um híbrido - os "não-objetos" de Ferreira Gullar - as pinturas revelam certas características escultóricas e de elementos arquitetônicos da decoração interna barroca e rococó. Composta por pinceladas fartas, pelo gesto bruto e orgânico e por uma intensidade aurífera, a série dourada se projeta de maneira direta ao espectador.

A partir de uma análise crítica da produção pictórica de Raimundo Rodriguez, Osvaldo Carvalho, Manfredo de Souzanetto, Júlio Ferreira Sekiguchi, João Magalhães e Ronaldo do Rego Macedo, e utilizando um aparato simbólico atento às temporalidades fragmentadas e suas sutis remissões estéticas e formais, ousamos esboçar tipos possíveis de uma pintura contemporânea brasileira que, ultrapassando seu momento modernista antropofágico, mas vez por outra o evocando, parece reiterar um novo processo plástico visual de pulsão autofágica."


Renata Gesomino, crítica de arte, curadora independente e professora do IART-UERJ


A exposição poderá ser visitada até 14 de dezembro. A Galeria Patrícia Costa fica na Avenida Atlântica 4.240, loja 226, Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana.

Comments


bottom of page