Rádio Batuta, do IMS, celebra 80 anos de Roberto Ribeiro com playlist
- andréia gomes durão
- 20 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Roberto Ribeiro, que faria 80 anos em 20 de julho, está entre os maiores intérpretes do samba. Rachel Valença, coordenadora de literatura do IMS e componente histórica do Império Serrano, seleciona e comenta 15 gravações do cantor.
Ninguém mais do que ele mereceu ser chamado de puxador, nome que se dá ao intérprete que canta em microfone amplificado o samba-enredo de uma escola de samba durante o desfile. Embora seja considerado por muitos pejorativo – o grande Jamelão detestava ser chamado assim –, o termo é bastante expressivo, porque sugere algo mais do que o simples ato de cantar: o puxador tem ainda a missão de animar, empolgar o componente, liderando o desfile. Roberto Ribeiro, que inaugurou a prática de cantar o samba não do alto do carro de som, mas sim pisando o asfalto da Avenida, dirigindo-se ao componente com estilo “olho no olho”, é o eterno puxador, aquele que jamais será esquecido por sua escola, o Império Serrano, em que ocupou o posto de 1970 a 1981.

Acontece que esse mesmo puxador tornou-se, com o tempo, um cantor de sucesso, com uma respeitada trajetória de sambista e compositor. Seus discos estavam no topo das listas de mais vendidos, seus shows por todo o país atraíam multidões. Transformado em ídolo popular não apenas pela voz doce e potente, mas também pela presença simpática e elegante, nunca abriu mão de sua condição de sambista. Conhecia seu público e sabia o que lhe agradaria, desde novas composições de amigos e parceiros até a recuperação de sambas como Estrela de Madureira, que, derrotado na disputa de samba-enredo no carnaval de 1975, com enredo sobre Zaquia Jorge, estaria fadado ao esquecimento, não fosse a gravação de Roberto.
O sucesso e a fama, com todas as suas decorrências, em nada mudaram o homem simples, o amigo generoso, o sambista alegre que encantava os que o cercavam.
"Tive a felicidade de ser, mais do que mera admiradora, amiga próxima dele e de sua família. Fomos vizinhos em um período de nossa vida. Nessa qualidade, sempre testemunhei sua simplicidade, seu apego a um tipo de vida que era a mesma de antes, com os hábitos e prazeres de um homem do povo, sem pretensão, sem pose, com verdade", Rachel Valença, coordenadora de literatura do IMS, integrante histórica do Império Serrano e autora do livro Serra, Serrinha, Serrano, sobre a escola de samba.
Mesmo depois que seus compromissos profissionais o afastaram da missão de puxar o samba do Império Serrano na Avenida, nunca se afastou de sua escola. Frequentava a quadra como qualquer de nós, sempre que possível desfilava. Amou o Império Serrano até seu último dia de vida. Amor correspondido na mesma proporção e para sempre, pois em nossa escola de samba Roberto Ribeiro viverá eternamente.
Seleção de músicas da Rádio Batuta, do IMS.
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