"Verão 50 graus" aborda as delícias e ameças do calor no Rio de Janeiro
- andréia gomes durão
- 8 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
O verão carioca é quente, quentíssimo! Seja no clima, seja no que acontece na cidade, que recebe muita gente nessa época de férias, o que alegra ainda mais seu jeito leve carioca de ser. Não faltam encontros, modas, novidades nas mais diversas áreas. A cidade ferve. Esse é o "clima" que permeia a coletiva "Verão 50 graus", com vernissage nesta sexta-feira, dia 10, às 19h30, na Galeria Zagut.

A coletiva reúne 214 artistas plásticos, nacionais e estrangeiros, com uma seleção de obras que aborda a questão do calor do Rio de Janeiro no verão. O resultado é uma eclética, criativa e engajada maneira de tratar o tema. Entre os participantes estão nomes como Newton Lesme, Roberto Tavares, Robson Oliveira, Demerir Martins, Vicente Duque Estrada, Jorge Barata, Paula Erber, Miguel Paiva, Isis Braga, Denize Torbes, Clara Cavendish e Bel Magalhães. A curadoria e produção são de Isabela Simões e Augusto Herkenhoff.
A elevação da temperatura do mundo preocupa. Os jornais afirmavam não faz muito tempo: "Desmatamento no Brasil pode aumentar temperatura da Terra em 1,45 graus Celsius" (O Globo e Estadão, março de 2019), o que está previsto para 2050, caso a taxa de desmatamento ilegal continue de vento em popa.


Foi criado um modelo para avaliar qual o impacto da mudança na floresta, com relação à reflexão solar e a evotranspiração (perda de água do solo por evaporação, associada à perda das plantas por transpiração). O cálculo leva em consideração medidas de uma década - de 2000 a 2010 - com aumento de 0,38°C em média, de 1,08°C em áreas que perderam 50% de sua vegetação e de até mais de 5°C em regiões com perda de 100%, ao se considerar apenas a temperatura diurna.
De acordo com o estudo, o reflorestamento pode ser um importante fator para melhorar essa perspectiva. Pesquisa anterior, de 2015, já havia demonstrado que a troca de floresta por cultivo de soja induz um aumento de 5°C na temperatura da superfície, e de 4°C na troca para pastagem. Além disso, o Relatório do Clima da Organização das Nações Unidas de 2019 é claro: houve aumento de 1,5°C no planeta nos últimos 150 anos.
O solo brasileiro vem sendo submetido há séculos a agressões de forma sistemática, como as queimadas, o desmatamento clandestino, a expansão massiva da indústria agropecuária, o advento das hidroelétricas, causando a extinção de muitas espécies de fauna e flora, entre outras. Estão sempre acompanhadas da insuficiência de fiscalização, considerando-se a certeza da impunidade.


O povo do Brasil vem sofrendo as consequências desses ataques. E no resto do mundo não é diferente, havendo inclusive casos bem piores que o brasileiro, colaborando para a ebulição do planeta. A reciclagem ainda é pífia, as emissões de carbono continuam na estratosfera, inclusive a alterando. Não há novidade na importância que se dá às políticas que evitem o desmatamento e aumentem o reflorestamento, já previstos no Código Florestal.
Dessa forma, urge o posicionamento da sociedade quanto à tal questão. Desde como se alimenta, se investimentos de serviços que consume provém dos chamados paraísos fiscais, como é o posicionamento das empresas de que compra, que tipo de matriz energética está usando, quanto consome, quanto recicla, tudo é válido para que cada um faça a sua parte.
A Zagut tem orgulho de trazer à tona esta preocupação por meio dos olhares dos artistas convidados para esta mostra. A ampliação do espaço expositivo, como forma de democratização ao posicionamento de artistas com trajetórias e pesquisas as mais diversas, que se indagam, nos trazem suas reflexões e perplexidades quanto ao aquecimento global, e como podem nos transformar.
A proposta é um verão reflexivo e de muito calor humano para o público.
A exposição poderá ser visitada até 30 de janeiro. O Galeria Zagut fica no Shopping Cassino Atlântico, na Av. Atlântica 4.240, em Copacabana.
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